sábado, 9 de janeiro de 2016

Ó mar, por que não apagas?

Apesar de ter sempre ouvido outros falarem bem de Castro Alves, somente através de uma querida escritora, Dra. Norma Braga (numa dessas postagens que ela recomenda inúmeros livros massa), que conheci Espumas Flutuantes e, consequentemente, O Navio Negreiro. Minha vida tem sido muito influenciada por bons escritores que indicam outros bons escritores (Bruno Garschagen e Rodrigo Gurgel são alguns deles). E assim, vou comprando livros clássicos e aumentando minha visão de mundo. 
Em uma de minhas viagens à Barra de Camaratuba (PB), visitei a Biblioteca do Surfista, que fica na casa de uma de minhas irmãs, um projeto solidário de leitura para a comunidade local e que complementa a Escola de Surf para crianças. Foi mexendo nos livros que encontrei o poema. Sabe quando você mata sua curiosidade sobre o que escreveu determinado autor? 

Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
                                                                            Castro Alves, em O Navio Negreiro


De lá pra cá, depois de lê-lo, Castro Alves parece ter feito um enorme esforço para mergulhar, como se fosse um testemunho da humilhação imposta aos antigos negros do Brasil. No entanto, mais de 100 anos após a Abolição da Escravatura, o tom castriano foi tratado pela Priscila Figueiredo de forma abstrata dos problemas atuais do Brasil. Ela organizou um livro com duas poesias: O navio Negreiro, de Heinrich Heine, e O Navio Negreiro, de Castro Alves. No final do livro, a organizadora usa seu tom pessoal de marxismo cultural para comparar navios negreiros com as prisões em que a "população afrodescendente" é carcerária. Além de atacar o capitalismo, fez um paralelo desonesto com a realidade a partir de sua utopia. Hoje em dia, vemos um racismo às avessas. As pessoas, independentemente de cor, religião, classe social, são criminosas porque ESCOLHEM praticar um crime. Então, Priscila Figueiredo também escolheu estragar a publicação com a sua teoria de vitimização rousseauniana. 

Quer saber mais sobre o assunto? Leia o artigo de meu querido Paulo Cruz, em https://esperandoasmusas.wordpress.com/2015/07/07/preto-parado-e-suspeito-correndo-e-ladrao/ 

Abraço fraterno,

Luciana Figueirêdo