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História e a cultura mostram claramente que o modo de pensar das pessoas é o
fundamento e a fonte do fluxo deste mundo pós-moderno. O que nós somos em nosso
mundo de pensamentos, nossa mentalidade, determina como agimos diante da
realidade. Tanto a vida pessoal como a vida política, tem suas consequências
baseadas nos pressupostos da cosmovisão que flui do mundo interior de cada um
de nós.
“Assim como pensa, assim um homem é” é
realmente muito profundo. Ele tem uma mente, sua complexidade singular. Não é
um mero resultado de pressões ao redor. É o sujeito da mente que age no mundo
externo.
O filósofo alemão Hegel (1770 – 1831)
foi o homem que abriu as portas para o que Francis Schaeffer denominou de Linha do Desespero. As posições
particulares foram e são relativizadas porque o pensamento hegeliano acredita
que o Universo está em constante desdobramento e o homem não pode compreendê-lo
fora da dialética. Para Hegel, no âmago de uma proposição há antítese, seu
oposto. A antítese se desdobra e se coloca contrariamente à tese, uma síntese
elaborada das duas. Para ele, a síntese demonstra que há verdade tanto na tese
como na antítese. Alguém afirmaria que é possível viver dentro deste círculo.
Outro indivíduo viria e traçaria um novo círculo e, assim por diante, ad infinitum. Antes do abismo no qual o atual homem pós-moderno
se encontra, a possibilidade de absolutos era aceita e, embora as pessoas
discordassem dessas proposições, elas mantinham a comunicação de pensar juntas,
a partir do fundamento clássico da antítese:
se algo é verdadeiro, o oposto é falso, ou seja, absolutos implicam antítese.
Antigamente o homem estava impregnado por pressupostos da antítese em sua
estrutura mental. O Cristianismo histórico tem sua base de sustentação na
antítese e, sem ela, perderia todo o seu sentido. A geração atual busca as
soluções para seus dilemas humanos na síntese e não de absolutos (filosofia,
política, arte, moralidade individual, teologia). E é bem possível que você se
sinta caindo em um abismo, só que degrau por degrau.
O dinamarquês Kierkegaard (1813 – 1855), comentado
também por Schaeffer em seu livro Como
viveremos?, trouxe a noção de que a razão sempre gerou o pessimismo. Sendo assim, o otimismo
seria encontrado fora da razão, através de “um salto de fé”, traduzido assim:
IRRACIONALISMO = FÉ/OTIMISMO
-------------------------------------------------------------------------------------
RAZÃO
= PESSIMISMO
O homem moderno é um homem de dicotomia. Por
dicotomia entendemos:
“... a separação
total em duas ordens mutuamente exclusivas, que não têm nenhuma unidade ou
relacionamento entre elas. A dicotomia aqui em jogo é a da separação total
entre o campo do sentido e dos valores e o campo da razão” (SCHAEFFER, COMO VIVEREMOS, 1976, p. 111).
De
acordo com Schaeffer, o esquema da Linha do Desespero pode ser traçada assim:
Europa antes de 1800 e
EUA antes de 1935
Linha de
Desespero -------------------------------------------------
Europa depois de 1890 e
EUA depois de 1935
Esquema1: Linha de
Desespero. Fonte: SCHAEFFER. DEUS QUE INTERVÉM (1968, p. 25).
Os filósofos abandonaram a ideia da busca do campo unificado do conhecimento da razão, rompendo com a metodologia da contradição e decidiram alterar a verdade. Assim foi concebido o homem moderno.
Por Luciana Figueiredo
Fonte: Como viveremos, de Francis Schaeffer, ed. Cultura Cristã.
O Deus que intervém, de Francis Schaeffer, ed. Cultura Cristã.