domingo, 31 de maio de 2015

Ad infinitum - o pensamento hegeliano abriu as portas do inferno

          A História e a cultura mostram claramente que o modo de pensar das pessoas é o fundamento e a fonte do fluxo deste mundo pós-moderno. O que nós somos em nosso mundo de pensamentos, nossa mentalidade, determina como agimos diante da realidade. Tanto a vida pessoal como a vida política, tem suas consequências baseadas nos pressupostos da cosmovisão que flui do mundo interior de cada um de nós.
        “Assim como pensa, assim um homem é” é realmente muito profundo. Ele tem uma mente, sua complexidade singular. Não é um mero resultado de pressões ao redor. É o sujeito da mente que age no mundo externo.
        O filósofo alemão Hegel (1770 – 1831) foi o homem que abriu as portas para o que Francis Schaeffer denominou de Linha do Desespero. As posições particulares foram e são relativizadas porque o pensamento hegeliano acredita que o Universo está em constante desdobramento e o homem não pode compreendê-lo fora da dialética. Para Hegel, no âmago de uma proposição há antítese, seu oposto. A antítese se desdobra e se coloca contrariamente à tese, uma síntese elaborada das duas. Para ele, a síntese demonstra que há verdade tanto na tese como na antítese. Alguém afirmaria que é possível viver dentro deste círculo. Outro indivíduo viria e traçaria um novo círculo e, assim por diante, ad infinitum.  Antes do abismo no qual o atual homem pós-moderno se encontra, a possibilidade de absolutos era aceita e, embora as pessoas discordassem dessas proposições, elas mantinham a comunicação de pensar juntas, a partir do fundamento clássico da antítese: se algo é verdadeiro, o oposto é falso, ou seja, absolutos implicam antítese. Antigamente o homem estava impregnado por pressupostos da antítese em sua estrutura mental. O Cristianismo histórico tem sua base de sustentação na antítese e, sem ela, perderia todo o seu sentido. A geração atual busca as soluções para seus dilemas humanos na síntese e não de absolutos (filosofia, política, arte, moralidade individual, teologia). E é bem possível que você se sinta caindo em um abismo, só que degrau por degrau.
         O dinamarquês Kierkegaard (1813 – 1855), comentado também por Schaeffer em seu livro Como viveremos?, trouxe a noção de que a razão sempre gerou o pessimismo. Sendo assim, o otimismo seria encontrado fora da razão, através de “um salto de fé”, traduzido assim:
IRRACIONALISMO = FÉ/OTIMISMO
-------------------------------------------------------------------------------------
RAZÃO = PESSIMISMO

         O homem moderno é um homem de dicotomia. Por dicotomia entendemos:
                            “... a separação total em duas ordens mutuamente exclusivas, que não têm nenhuma unidade ou relacionamento entre elas. A dicotomia aqui em jogo é a da separação total entre o campo do sentido e dos valores e o campo da razão”         (SCHAEFFER, COMO VIVEREMOS, 1976, p. 111).

         De acordo com Schaeffer, o esquema da Linha do Desespero pode ser traçada assim:
Europa antes de 1800 e EUA antes de 1935
Linha de Desespero -------------------------------------------------
Europa depois de 1890 e EUA depois de 1935

Esquema1: Linha de Desespero. Fonte: SCHAEFFER. DEUS QUE INTERVÉM (1968, p. 25).

     Os filósofos abandonaram a ideia da busca do campo unificado do conhecimento da razão, rompendo com a metodologia da contradição e decidiram alterar a verdade. Assim foi concebido o homem moderno. 

Por Luciana Figueiredo

Fonte: Como viveremos, de Francis Schaeffer, ed. Cultura Cristã. 
           O Deus que intervém,  de Francis Schaeffer, ed. Cultura Cristã. 

         

 




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