segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Sobre “A cartomante”, de Machado de Assis

Luciana Figueirêdo*
“Não adulterarás” Êxodo 20:14  

Considero que é um conto cheio de fatos intrigantes. Lembrei-me de um fato inusitado que ocorreu, certa vez, em um shopping da minha cidade. Estava eu comendo aquele lanche fast-food, quando uma bela moça aproximou-se e perguntou se eu queria saber do meu futuro. Mostrei meu sorriso. De sobrancelhas levantadas, fiz uma cara de enjoada e disse que já conhecia o Dono dos astros. Ela também mostrou seu sorriso. Falou que eu tenho uma “luz” e foi embora.

Não acredito em cartomantes – é óbvio. Os que escrevem comportamento de pessoas no viés dos signos místicos são bem astutos – já li muitas coisas engraçadas. A figura da cartomante aparece no conto machadiano como um ser confortador em meio aos sérios problemas de um casal de amantes apaixonados. E eu não duvido que muitos escolham acreditar em prognósticos, mesmo sem crê-los - quando convêm particularmente, como fez Camilo.

Narrado em terceira pessoa, Machado conduz a história, sem revelar os fatos completamente, num jogo de vaivém repleto de suspense e desdobramentos factuais.

Vilela, Rita e Camilo – um triângulo amoroso que, no mínimo, adjetivo como destruidor. Os amantes são perturbados pela inquietude da consciência moral e social. A traição é um lugar sem água, sem comida e sem perdão. Os olhos não piscam, a boca não sorri e os ombros não descem. Vilela mora na natureza humana. É a parte que descrevo como a confiança quebrada. E estamos quebrados em muitas vidas. Assim como Vilela, somos vingadores: quer por pensamentos iníquos ou atitudes externas.

Rita, a “tonta”, mostra como a estupidez da paixão lasciva corrói o coração: “Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez”. Camilo, pesaroso, estava amedrontado por sua imaginação, que escancarava o medo e a vergonha, diante do amigo: incomodava-o insistentemente.

“Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim...”

Camilo ouviu da cartomante o que queria: “O terceiro ignorava tudo”. A consulta levou-o à casa de seu amigo. De volta ao cenário onde arrebatou-lhe a loucura da paixão, viu sua amante morta, que o fez conhecer que a saída mística o enganara com certa ironia, em detrimento de seus males interiores.
Eu diria que Machado experimentou o coração em gosto amargo, o que também é próprio da estrutura humana pós-adâmica.

Mas o homem que comete adultério
não tem juízo;
todo aquele que assim procede
a si mesmo se destrói.
Provérbios 6:32

Perdoe-me as imperfeições de uma jovem escritora. 
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*Luciana Figueirêdo é pedagoga pela UVA-UNAVIDA e trabalha há mais de 13 anos na rede privada de ensino.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

John Gill - Resumo dos 10 mandamentos

Acabei de ler Resumo dos Dez Mandamentos, de John Gill (Kettering, Northamptonshire, 23 de novembro de 1697 - 14 Outubro 1771). Ele foi o autor de uma análise da Bíblia, An Exposition of the Old and New Testament. Admiro-o por sua insistência em buscar o conhecimento. "Ele tentou entrar para um seminário, mas foi rejeitado por ser muito jovem. Ele continuou os estudos por conta própria, e, aos dezenove anos de idade, já havia lido todos os principais clássicos em grego e latim, e havia estudado lógica, retórica, filosofia natural e filosofia moral, além de ter conhecimento da língua hebraica" (projeto Castelo Forte). 

“Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de
todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento. E o segundo, semelhante a este,
é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes
dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”
Mateus 22:36-40

A lei espiritual não somente atinge nossas atitudes externas, mas nosso interior (pensamentos, desejos, intenções). A mensagem central do primeiro mandamento é que somente o Criador deve ser cultuado. O ateísmo nega não só sua existência, mas também a adoração ao Eterno. Amar e adorar as criaturas também transgride o primeiro grande mandamento, pois a revelação mostra que nem as pessoas, nem os animais, nem o Sol, nem as estrelas, nem a Lua, criatura alguma, nem o tempo, nem os afazeres, nem deuses quaisquer do coração humano merecem e devem ser adorados em lugar do Senhor (Deuteronômio 4:19; Jr 2:28;1 Co 8:5, 6; Jó 31:24; Salmo 49:6; Efésios 5:5; Filipenses 3:19; Ezequiel 14:04, 36:25). O "Além de mim" exclui qualquer pessoa, coisa, criatura e objeto de legitimidade cultual (Is 44:8, 45:21). "Não roubarás" inclui também a glória devida ao Deus revelado nas Sagradas Escrituras. 

A idolatria é fruto da concupiscência da natureza humana. O Decálogo revela-a em nós, a raiz de todo pecado: a concupiscência (Tg 1.13-14). "A lei não pode ser perfeitamente cumprida pelo homem em seu estado pecaminoso e decaído; por isso ninguém pode ser justificado diante de Deus pelas obras da lei, embora para os que são de Cristo exista uma justiça revelada no evangelho, manifestada sem a lei e testemunhada pela lei e os profetas, composta de sua obediência ativa e passiva, que é o fim e o cumprimento da lei para todos que a consideram (Rm 3:20-22, 10:4)", concluiu John Gill. 

Por Luciana Figueirêdo 


John Gill
Pastor da igreja batista em Carter Lane, St. Olave’s, Londres
E predecessor de Charles Haddon Spurgeon
Quando essa congregação batista mudou-se para New Park
Street em 1830

FONTE
Traduzido de:
http://pbministries.org/books/gill/Practical_
Divinity/Book_4/book4_06.htm
Tradução: Luciano de Oliveira
Revisão: Armando Marcos
Capa e diagramação: Salvio Bhering
Projeto Castelo Forte
Divulgando o Evangelho do SENHOR.
www.projetocasteloforte.com.br





sábado, 12 de setembro de 2015

Pessoas que gostam de você hoje, poderão odiá-lo amanhã!

Em 2005 li este livro: Os atributos de Deus, de Arthur W. Pink. Foi recomendado a mim por um dos meus professores de Teologia Contemporânea, uma das disciplinas que estudei no meu curso de Bacharel em Teologia (ainda não concluí o curso). Sendo autodidata em diversas áreas do conhecimento humano, desde meus 12 anos, continuo estudando teologia e filosofia. De fato, a Bíblia é a rocha, um lugar seguro, para uma perdida como eu. Deus é o Único que sustenta meus vacilantes pés, até porque eu não consigo por minhas próprias forças. Não existem condições de salvação em mim. Não há salvação no homem: isso é pecado de idolatria.

Uma das excelências do Criador é a sua Imutabilidade. Ele é perfeitamente imutável. Deus é perpetuamente Ele mesmo e o mesmo sempre. Não muda em nada em seu Ser Supremo. Deus é imutável em seus atributos. Semper idem (sempre o mesmo) é em seu Ser. Ele não muda em seu conselho, em suas decisões, em seus padrões, em sua essência, em sua natureza. Ele é o Incompreensível, mas cognoscível (que pode ser conhecido). 

E nós? Somos mutavelmente pecaminosos. Inventamos males sobre males. Guerras sobre guerras. Somos desviados por natureza. Corrompidos e estúpidos em si mesmos. Loucos e alastramos a peste do pecado de geração em geração. Somos Filhos de Adão e Eva e responsáveis por nossos atos iníquos. Não há bondade fora da graça divina. A natureza humana é simplesmente sombria. O coração do homem é enganoso: trai ele mesmo. Amamos o pecado. Tem misericórdia de mim, ó Deus. 

Os que desafiam viver como se Ele não existisse, correm grande perigo.

 "Por isso também eu os tratarei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, contudo não os ouvirei." 

"Pessoas que gostam de você hoje, poderão odiá-lo amanhã."
Arthur W. Pink

Por Luciana Figueirêdo

Textos bíblicos para reflexão: Dt 32.4; Tg 1.17; Ml 3.6; Ex 3.14; Sl 119.89; Jr 31.3; Jo 13.1; Sl 100.5; Nm 23.19; I Sm 15.29; Sl 78.75; Jr 7.13; Rm 11.29; Jó 23.13; Sl 33.11; Hb 6.17; Sl 66.9; At 17.28; Jd 13; Is 57.20; Gn 49.4; Is 2.22; Sl 146.3; Jo 12.13; 19.15; Is 54.10; I Jo 5.14; Ez 8.18.  

Arthur W. Pink (1886-1952) foi um dos autores evangélicos mais influentes da segunda metade do século XX. Erudito bíblico de persuasão reformada e puritana, Pink escreveu várias obras literárias e pastoreou diversas igrejas nos EUA, além de ter servido como ministro na Inglaterra e Austrália.

"Quem é Deus? Como ele é? A Bíblia é o caminho que nós temos para responder essas perguntas. Ela nos revela seu caráter quando nos apresenta quais são os atributos de Deus. No infográfico a seguir, podemos aprender um pouco mais sobre Os Atributos de Deus."
http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/03/quem-e-deus-como-ele-e/