sábado, 20 de junho de 2015

Consequentemente o homem grita: estou com fome!

Domingo, 15 de setembro de 2013 (antigo blog)


Eu sempre tive o seguinte raciocínio: tenho carências em minha humanidade. Em 1996 encontrei as respostas iniciais para compreender e preencher essas lacunas existenciais. Ouvi o Evangelho numa igreja protestante perto de minha casa e uma profunda revelação veio sobre mim: estava perdida, longe de Deus, e a única mediação seria por meio de Jesus Cristo. Passei a ler a Bíblia como alimento, saciando minha sede e fome de sentido de vida.

Francis Schaeffer, em seu livro Morte na cidade – A mensagem à cultura e à igreja que deram as costas a Deus (Editora Cultura Cristã), apresenta uma proposição sobre reforma e reavivamento (e estas duas restaurações trabalham simultaneamente). “Reforma se refere a uma restauração à doutrina pura; reavivamento refere-se a uma restauração na vida do cristão. Reforma fala de um retorno aos ensinos da Bíblia; reavivamento fala de uma vida levada à sua relação apropriada com o Espírito Santo (Schaeffer).”

Em Romanos 1. 21 Paulo declara que “porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram.” O raciocínio aqui é que o pensamento do homem, em sua cognição, seus processos de pensamento, compreensão, aceitou uma posição intelectualmente tola em relação à vida e ao Universo. Reforma e reavivamento transforma a mentalidade, uma intervenção divina no interior de uma pessoa. Gerações anteriores experimentaram viver numa sociedade imbuída de princípios cristãos. Souberam da verdade, mas a minha geração experimenta uma era pós-cristã. Os homens viraram as costas para a verdade, desequilibrando sociedades antes influenciadas pelo Cristianismo Bíblico em suas leis morais e civis e que, hoje, estão famintas por realidades morais.

O homem sendo criado a imagem do Criador tem em sua natureza carências. O homem tem fome intelectual e perdeu-se em vãs filosofias existencialistas, nas análises linguísticas e em outras filosofias não-cristãs. O homem tem fome de beleza e perdeu-se na auto-expressão de sua natureza pecaminosa, em seu desmoronamento espiritual. O homem tem fome de amor porque foi feito para amar a Deus e perdeu-se na busca desenfreada do sexo “como preenchimento da necessidade de amor no coração humano (Schaeffer).” O homem tem fome de morais absolutos e perdeu-se no relativismo, em vários tipos de totalitarismo e no conceito de contrato social como formas de encontrar sentido para o bem social e o mal social. “Consequentemente o homem grita estou com fome (Schaeffer).”

Há fome por todo lado: pelas ruas da cidade, pelas esquinas e pelos becos. Deus está alheio à História espaço-temporal? Claro que não. Por que não há consolo? Porque abandonaram a verdade. Não foi diferente na época do profeta Jeremias. O povo de Deus se afastou de seu Senhor e não houve consolo, levando-os ao cativeiro babilônico. “As palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes de Anatote, no território de Benjamim. A palavra do Senhor veio a ele no décimo terceiro ano do reinado de Josias, filho de Amom, rei de Judá, e durante o reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o quinto mês do décimo primeiro ano de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, quando os habitantes de Jerusalém foram levados para o exílio (Jeremias 1:1-3).” Jeremias estava situado na História espaço-temporal, chamado por Deus para pronunciar sentenças divinas por causa da malícia de seu povo, pois o abandonaram por vãs idolatrias. “Pronunciarei a minha sentença contra o meu povo por todas as suas maldades; porque me abandonaram, queimaram incenso a outros deuses, e adoraram deuses que as suas mãos fizeram (Jeremias 1:16).”

A verdadeira religião não pode ser reduzida em algo meramente psicológico ou sociológico. A História espaço-temporal tem características econômicas, culturais, militares, mas a Bíblia diz que tudo está dentro do plano de Deus, uma visão unificada da vida que não o destrona do domínio universal, mas o reconhece como seu Dono. Jeremias lamentou com brilhante realismo que o povo de Deus estava distante de seu Senhor, como adúlteros espirituais. “Sua impureza prende-se às suas saias; ela não esperava que chegaria o seu fim. Sua queda foi surpreendente; ninguém veio consolá-la. Olha, Senhor, para a minha aflição, pois o inimigo triunfou (Lamentações 1:9).” Nem o Egito nem a Babilônia do contexto desse lamento profético saciaram os judeus. O verdadeiro consolador havia partido. “No hedonismo, na pornografia, e em muitas outras coisas, nossa geração experimentou mil Egitos e mil Babilônias. Mas os homens caíram espantosamente porque eles esqueceram o que é o homem e qual é o seu propósito final (Schaeffer).”

Se quisermos reavivamento e reforma tem que compreender a nossa época. A cultura pós-cristã está com fome e a ira de Deus está sobre ela.

Que Deus nos agracie poderosamente para orarmos corretamente em busca dele e atraia a sua Igreja, seu Povo, para o verdadeiro relacionamento com o Criador.


Luciana Figueirêdo

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